23 de outubro de 2008

Sai que eu sou VIP! - Quarta-feira, Outubro 06, 2004

Adivinhem! Arrumei um emprego e agora sou uma serva de publicitários. Passo o dia colocando em pratica algumas táticas para enganar pobres pessoas que não tem muita convicção do que querem e no fim faço com que elas gastem mais do que deveriam. Nojento, né? Uma dessas táticas criadas por pessoas desalmadas do marketing é convencer o cliente que ele é especial. Palavras como exclusivo, vip, benefícios são ótimas para convence-lo disso, ao contrario de multa e conta. Tem coisa mais manjada que isso? Eu me lembro de quando recebi aquele valor extra na minha conta corrente. -Uau, sou tão importante que o banco está me dando um valor extra pra eu gastar como quiser.
Devíamos aprender com esse erro, assim como quem queima a mão na fogueira ou põe o dedo na tomada, mas não é o que acontece. Parecer especial no meio de tantos outros ainda nos seduz, principalmente pessoas como eu, pobres, que sempre ficaram do lado de fora da corda.
Quando eu era criança e ainda ia ao circo eu sentia inveja das pessoas que sentavam naquelas cadeiras lá da frente, de metal , vendo tudo de perto e às vezes até participando de umas brincadeiras, enquanto eu ficava na arquibancada de madeira vendo tudo de longe. Ser VIP deve ser legal, era o que eu pensava.
Cresci e em algumas situações consegui estar nessa condição, a de gente importante, pena que todas foram roubadas.
A primeira foi quando eu fui convidada pra a Fashion Week. Não, não a de São Paulo, a de Poços de Caldas. Fui pra beber champanhe, mas não teve nem refrigerante com empadinha.
A segunda foi numa pré-estréia, a primeira da minha vida. Gente histérica, filme ruim, só me animei depois, quando vi que uma das cenas do filme tinha sido gravado na rua da minha casa, me senti morando em Hollywood.
Já a terceira foi no show dos Los Hermanos , a Pândega comprou o meu ingresso e o dela, e os ingressos vieram errados, vieram pra parte VIP, embora tivéssemos comprado para a pista. Ficamos animadíssimas, mas nem deu para aproveitar, pois o Kenan não deu a mesma sorte que a gente e não podíamos deixa-lo sozinho, ainda mais naquele estado lamentável que ele se encontrava. Tudo bem, já que a pista é mais animada, mas toda vez que alguém esbarrava repetíamos: - Sai que eu sou VIP.
Sim, tínhamos sido contaminadas. Conclusão: sou tão idiota quanto os meus clientes.



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