23 de outubro de 2008

Dessa segunda-feira não passa - Quarta-feira, Outubro 27, 2004


Um dia desses cheguei em casa e o Ludovic, o meu hamister, estava todo-todo lá em sua rodinha. Logo ele, que mau saia da casinha, que tinha até me preocupado achando que nunca iria rodar. Achei estranho esse interesse repentino por exercícios mas logo percebi o que era obvio: aquilo era um sinal.
Sim, meu hamister me dizia que eu devia voltar para academia, devia fazer esteira, devia deixar de lado essa vida sedentária. Resolvi ouvir a voz do mundo animal e fui à procura de exercícios. Natação? Hidroginástica? Piscina é bom, mas é muito caro. Fiquei com a academia mesmo. Seria a quinta nos últimos dois anos.
Fiz a matricula e fui logo avisando o professor que eu só ficaria se não tivesse que fazer aqueles exercícios com pesinhos. Eu odeio aqueles pesinhos, eles são sempre o motivo principal das minhas fugas, eles me irritam. O professor prometeu pensar e eu prometi aparecer no outro dia.
Acordo na manhã seguinte e visto minha roupa própria para ginástica. Pronto, já começo a me sentir ridícula. No caminho sinto que todos olham para mim, não dizem nada, mas sei o que pensam, eles estão se perguntando: onde essa ridícula, no caso eu, pensa que vai com essa roupa. Tento desencanar e paro para comprar água. O tio do supermercado pergunta se eu estava indo fazer exercícios.
¿ Ah, você está perguntando isso por causa dessa minha roupa patética?
Ele ficou sem graça e eu comprovei minha teoria. Segui meu caminho pensando em abrir uma loja de roupas de ginástica discretas. Talvez eu ficasse rica.
Chegando lá fiz tudo que o professor mandou, mas, não sei por que, minha pressão caiu. Comecei a passar mal, via tudo embaçado, enjoou. Pedi pra ir embora, mas não contei que tava passando mal. Fiquei com medo, ele interpretaria mal, eu tenho certeza. Das três uma, ele poderia achar que era fricote e me colocar pra ralar mais, poderia ficar assustado, achar que era algo grave, fazer um escândalo, parar todo mundo, chamar a ambulância ou a pior das hipóteses, achar que eu tava dando em cima dele, uma coisa cuida de mim. Não, não. Prefiro sofrer calada.
Por sorte não tive mais tempo de voltar, pois assim não sinto culpa de ter feito a matricula e ter freqüentado menos de uma semana.


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